Cenário econômico aumenta o número de pedidos de distratos – Jornal do Comércio

Vamos refletir um pouco sobre o conjunto de medidas esperadas com a entrada de Lula no ministério, com cacife para determinar os rumos da economia:

1) Novo crédito subsidiado via CEF e BB tanto para consumo como imobiliário, contando possivelmente com mais verba do FGTS ainda (até porque a anterior concedida até fevereiro não cobre quase nada do rombo da poupança):

Hoje temos mais de 59 milhões de pessoas inadimplentes. Se contarmos que a população do Brasil é de aproximadamente 200 milhões e a parcela economicamente ativa é algo próximo de 50%, ou seja, em torno de 100 milhões de pessoas, temos que quase 60% de todos os que SERIAM potenciais consumidores estão com a sua capacidade de consumo ESTRANGULADA.

Daí você oferece mais crédito para o consumo para este pessoal, com isto a tendência é a inadimplência subir muito mais.

Em paralelo você estimula o crédito imobiliário. Acontece que a dívida das famílias com o crédito imobiliário em proporção à sua renda simplesmente TRIPLICOU de 2010 a 2015, ao mesmo tempo que o PIB do consumo e a dívida das famílias para outros fins que não o crédito imobiliário em relação a renda caiam. Cabe destacar que enquanto o consumo DESPENCAVA de 2010 a 2015, a queda na proporção da dívida das famílias para outros fins que não o crédito imobiliário em relação a sua renda tinha uma queda suave. Por que isto acontece? Porque aqui no Brasil os juros são abusivos, com isto, mesmo com quedas radicais no consumo as dívidas não caem proporcionalmente e muita gente vai MULTIPLICANDO o valor de suas dívidas ao longo dos anos sem nem precisar contrair novas dívidas, apenas por estar pendurada em juros de cheque especial, cartão de crédito, CREFISA´s da vida, agiotas, etc…

Aliás, foi também no período de 2010 a 2015 que a inadimplência dos consumidores cresceu mais de 2,5 vezes mais rápido que no período anterior, não é mera coincidência, o estrangulamento causado na renda das famílias pela bolha imobiliária se junta aos juros abusivos das demais dívidas e o resultado não poderia ser outro.

Qual a “solução” mirabolante do governo para a situação acima? Diminuir juros NA MARRA.

A consequência é que o spread dos bancos sobe devido ao aumento ainda maior no risco de inadimplência, com isto, parte do incentivo para o consumo se perde, com exceção é claro, dos bancos públicos, que vão acumulando em sua carteira um crédito podre em proporção cada vez maior.

O novo problema gerado pela situação acima, é que todo o mercado financeiro e empresários sabem que estas “soluções” são apagar o incêndio com gasolina, então ocorrerá uma fuga desesperada de dólares do país, fazendo com que a inflação dispare, saindo de controle. Pela disparada da inflação, de qualquer forma os consumidores irão perder o seu poder de consumo e com isto a queda na economia irá se intensificar, porque empresas endividadas em US$ no Exterior irão ficar em situação ainda mais crítica, os investimentos no país irão se reduzir ainda mais, gerando mais desemprego e assim por diante.

2) Usar reservas internacionais para estimular economia:

Perderemos parte relevante de nosso “seguro”. Já vínhamos com perda da confiança graças aos resultados dos swaps cambiais, esta nova ação piora muito e ajuda a incentivar ainda mais a fuga de US$ do país e a disparada da inflação.

Pela combinação deste item com o anterior, de duas uma, ou o Governo desfaz a ação anterior e volta a subir os juros rapidamente e no desespero, ou deixa a inflação caminhar para uma hiper-inflação ainda mais rapidamente.

Óbvio que em qualquer dos dois cenários, se reduzem novamente os investidores do mercado financeiro e do segmento produtivo da economia, todos percebendo que são ações SUICIDAS e destrutivas para o país, o que levará a novos aumentos em desemprego, quedas ainda maiores na renda real e derrocadas ainda mais expressivas no PIB.

3) Mais algumas consequências das ações acima:

Outra consequência óbvia é que este conjunto de ações levará a novos e rápidos rebaixamentos por agências internacionais de avaliação de risco, o que novamente alimentará a fuga de US$, inflação e demais impactos negativos para economia, sem contar que reforça também o quanto se tornará inviável para empresas endividadas em US$ se manterem.

Adicionalmente ao que consta acima, com esta fuga expressiva de US$, o governo aumenta os juros novamente para tentar segurar os investidores estrangeiros e conter a crise cambial e/ou gasta parte das reservas restantes para este fim.

Como o PT/Lula prometem também abandonar de vez a responsabilidade fiscal (publicamente, sem fingir que tinham alguma como vinham fazendo até aqui), desistindo de vez da reforma da previdência e demais ações, isto tem efeito de potencializar tremendamente todos os estragos que constam acima.

Chegando neste ponto e pela combinação de todos os fatores, será gerado um temor muito grande no mercado de um risco sistêmico, o que por sua vez é mais um fator amplificador do caos para economia e sociedade.

Nem vou falar muito sobre a explosão mais visível e impactante da bolha imobiliária que se tornará inevitável dentro deste contexto e trará um grande volume de novos estragos para economia e sociedade. Também não vou entrar no mérito da possibilidade da China ter a explosão de suas bolhas mais visíveis e isto gerar amplificação da destruição da economia no país.

Se o governo agir rápido nas iniciativas acima, provavelmente poderemos alcançar uma queda do PIB de 6% ou mais ainda em 2016.

A esta altura o governo já estará colocando a culpa no capitalismo, nos empresários anti-patrióticos e daí para pior.

O único resultado positivo de tudo isto é que o PT estará definitivamente destruído, porque a população de baixíssima renda embora não entenda absolutamente nada dos mecanismos acima, irá ver o supermercado se tornar inviável, a demissão e queda brusca de renda junto com a inadimplência destruírem de vez todo o seu poder de consumo e como muitos ainda viviam em um Mundo de ilusão de consumo irresponsável até pouco tempo atrás, o baque será extremamente forte (perder o que você estava convicto que era seu e definitivo é mil vezes pior do que nunca ter tido) e com isto, a revolta da população de mais baixa renda vai se intensificar e muito.

Em cerimônia recente do Minha Casa Minha Vida, 60% dos beneficiados não viam em Dilma uma “salvadora”, mas sim a culpavam pela péssima situação que enfrentavam no dia-a-dia, isto porque eles estavam entre os mais beneficiados, imagine quando a situação prevista aqui estiver afetando ainda mais fortemente este pessoal e incluindo cada vez mais pessoas. Vale lembrar que a hiper-inflação é muito mais cruel para as famílias de baixa renda do que para demais.

Detalhe: o PT poderá culpar quem ele quiser, dentro do princípio social bolivariano de que todos são estúpidos e fáceis de serem enganados, mas o fato é que a REALIDADE irá se impor de maneira muito cruel, direta e rápida para uma grandíssima parte da população que não vai nem querer saber destas desculpinhas. É muito diferente da Venezuela, onde o sapo foi colocado em fogo brando ao longo de décadas graças ao dinheiro do petróleo, aqui além de não termos este “ouro negro salvador”, temos ainda muitos ingredientes a mais que aceleram a destruição e com isto o pessoal será jogado diretamente na fervura, ou seja, o sapo vai pular da panela…

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