Preços de novos contratos de aluguel de imóveis comerciais caem 9% – G1

Sobre o tópico:

O que temos observado no dia-a-dia tem sido quedas MUITO maiores do que as mencionadas no artigo do tópico, tanto para venda quanto para aluguel de imóveis comerciais.

Cabe destacar que no caso de imóveis comerciais, há uma INFINIDADE de truques para que as quedas reais nos preços fiquem MAQUIADAS. Exemplos:

1) Oferecem carência de até 1 ano para que o cliente não pague o aluguel, com cliente arcando só com despesas de condomínio no período;

2) Oferecem “benefícios agregados” ao aluguel, como por exemplo, mais vagas de garagem, reforma para que o imóvel fique exatamente como o cliente quer sem cobrar nada a mais, etc;

3) Reembolsam o cliente por gastos não relacionados à mudança (melhorias de infra interna que o cliente faria com ou sem mudança), através de descontos no aluguel durante alguns meses;

4) Combinam que o cliente não pagará condomínio por meses ou por até 1 ano, tendo que pagar só o aluguel (o inverso do item 1);

5) Oferecem “desconto promocional” por meses ou até mesmo por anos quanto ao valor do aluguel (neste caso para efeito de pesquisa consideram o preço cheio que só vão receber muito tempo depois).

Outros pontos relacionados aos imóveis comerciais:

As perdas para os proprietários tem sido TRIPLA, porque o imóvel está DESVALORIZANDO, ao mesmo tempo estão com um índice de vacância que é absurdo e o RECORDE de todos os tempos, o que significa despesas elevadas sem receita por longo período e graças a este cenário, SE e QUANDO conseguem alugar o imóvel, tem que fornecer descontos RELEVANTES no preço do M2 e ao mesmo tempo uma série de outros benefícios financeiros que também significam queda de lucratividade para os proprietários.

Lembrando que no período de euforia, de 2007 a 2011, a rentabilidade do aluguel comercial quase TRIPLICOU e isto levou a uma ENORMIDADE de lançamentos de imóveis comerciais, inclusive recorde de lançamentos de shoppings pelo Brasil afora e um volume sem precedentes das famosas “salinhas comerciais” e suas variações, todos EUFÓRICOS e ansiosos por este negócio com ganhos “excepcionais”.

Foi graças ao que consta acima e demais efeitos das bolhas, que MUITOS negócios se tornaram simplesmente INVIÁVEIS, levando a fechamento RECORDE de lojas e colaborando de forma sensível para a própria crise na economia, que por sua vez retroalimentou o circulo vicioso com a queda acentuada no consumo que faz com que os preços dos alugueis comerciais, que ainda não caíram o suficiente para que se busque uma volta à realidade, continuem inviabilizando MUITOS negócios.

Qual a tendência?

Enquanto preços dos imóveis comerciais não baixarem MUITO mais, vários negócios continuarão inviáveis e a distorção entre oferta e procura só vai crescer;

Enquanto preços dos imóveis comerciais não baixarem, os lançamentos de novos empreendimentos continuarão minguados, ajudando a alimentar o desemprego da construção civil, a crise na economia e a falta de demanda que inviabiliza novos negócios (outro circulo vicioso);

Enquanto preços dos imóveis comerciais não baixarem, os proprietários destes imóveis continuarão tendo sérios problemas financeiros. Alguns deles, como a PDG, por exemplo, estão quebrando graças a isto. Estes seríssimos problemas de liquidez que afetam empresas e proprietários particulares de imóveis comerciais, faz com que os bancos sejam mais restritivos em empréstimos, que os juros finais de empréstimos sejam maiores, dentre outras situações com efeitos contracionistas para a economia, sendo mais um circulo vicioso.

Como sempre digo, quanto mais o segmento imobiliário briga com a REALIDADE e FAZ DE CONTA que esta gigantesca anomalia, com uma série de recordes negativos é algo “normal e cíclico”, ou ainda, consequência de uma crise “política / econômica”, apesar de todas as evidências em sentido contrário, mais eles estão cavando um buraco para se enterrarem.

Sem contar que o governo também tem a sua versão de “Alice no País das Maravilhas”, com outras situações que estimulam a continuidade da crise, tais como:

Fazerem de conta que se fizerem reformas um quarto de boca (já são bem menos que meia-boca faz tempo), ainda assim isto será o suficiente para enganar a todos e estimular uma euforia em investimentos e consumo de empresas e famílias, como se todos fossem extremamente idiotas e acreditassem que uma PROMESSA de reformas de verdade a partir de 2019 é algo confiável e que por si só já colabora para o equilíbrio fiscal, mesmo sabendo que PROMESSAS similares já ocorrem HÁ DÉCADAS sem serem cumpridas;

Fazerem de conta que se gerarem estímulos TEMPORÁRIOS (FGTS para inativos), ou mudarem critério de cálculo (PIB), ou contarem com eventos ÚNICOS (super-safra agrícola), estarão dando início a uma solução CONTÍNUA para a crise;

Fazerem de conta que os recursos para PEDALAREM são INFINITOS, tais como poupança, FGTS, dinheiro do BNDES, dinheiro da CEF, etc, ignorando por completo os efeitos da INEVITÁVEL escassez destes recursos sobre as pirâmides que foram criadas com uso dos mesmos;

Fazerem de conta que a inadimplência seja do crédito imobiliário ou de outras linhas de crédito está “normal”, só porque MAQUIARAM o conceito de inadimplência e mudaram o nome para “renegociação”, em paralelo a uma infinidade de ações APELATIVAS para “distribuir o problema” e não aparecer tanto;

Fazerem de conta que o conturbado contexto policial / político via Lava Jato já estaria contido e que não vão aparecer ainda “N” denúncias e evidências que vão complicar ainda mais a “governabilidade” e as ações necessárias para se buscar uma solução;

Fazerem de conta que poderemos ter medidas impopulares e efetivas para combate às vésperas de ano de eleições;

Fazerem de conta que a ameaça de candidatos com visões heterodoxas quanto à economia e que podem agravar muito a situação atual não é algo relevante e que prejudica investimentos e apostas no país;

Fazerem de conta que o contexto internacional não é extremamente desfavorável e cheio de ameaças, relacionadas desde a explosão mais visível das bolhas chinesas, até a explosão da “bolha das bolhas” dos EUA incluindo mercado acionário, além de tendências naturais e relacionadas a estes temas, como queda de consumo de commodities, fuga de capitais de países em desenvolvimento em situação mais crítica (exemplo: Brasil), etc, etc, etc…

Citando Matrix, restam duas alternativas, a pílula azul, ou a vermelha, os resultados são completamente diferentes…

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