Circuit Breaker

Consequências naturais do episódio revelado ontem:

1) Reformas: importante destacar que já eram MEIA-BOCA antes deste evento, com ele, se vierem a ter a votação concluída, será no melhor cenário no fim do segundo semestre e com mais remendos ainda (tornando-se totalmente sem efetividade), se bem que o mais provável é que não se concluam, porque a partir do próximo semestre já estará mais próximo das eleições presidenciais e o congresso não se arriscaria com medidas impopulares;

2) US$, inflação e juros: todos tendem a subir, inicialmente de forma exagerada quanto a US$, com subida entre leve e moderada quanto a inflação e mais intensa para juros. O que continha a inflação mais fortemente até aqui, não eram as expectativas ufanistas quanto à “recuperação fiscal”, mas sim, a intensidade da crise na economia, que tende a se agravar;

3) Crescimento do PIB: da mesma forma, já era uma recuperação MEIA-BOCA para gerar empolgação no 1T17, impulsionada por efeitos TEMPORÁRIOS da super safra do 1T17, mais aumento de produção do setor automobilístico que gerou aumento de estoques, mais FGTS para inativos, expectativas surreais quanto a recuperação mirabolante da economia (otimismo UFANISTA) que tinham levado alguns desatentos a já irem gastando mais por conta disto, PEDALADAS de alguns setores que já estavam com super-estoque e cresceram muito em produção mesmo assim (exemplo: construção civil de São Paulo em mar/17) e agora com este evento, tudo isto irá se diluir ainda mais rapidamente (já eram melhorias FALSAS, apenas a volta a realidade será bastante acelerada e intensificada), com investidores estrangeiros fugindo, o otimismo UFANISTA se dissolvendo, ao mesmo tempo que os efeitos negativos para US$, inflação e juros fariam com que a situação da economia se agravasse e sem outros itens com efeitos temporários para continuar com o show de ILUSIONISMO. Pelo conjunto, tudo indica que teremos queda do PIB ou no máximo um crescimento inferior aos 0,5% previstos anteriormente;

4) Ajuste fiscal: teremos a necessidade de novas reduções de despesas do governo e aumento de impostos, como medidas adicionais para tentarem recuperar um pouco das expectativas quanto a possibilidade de um equilíbrio fiscal no futuro. O objetivo será de tentar conter a fuga de capitais, a disparada do US$ e dos juros. Os efeitos práticos destas ações serão de redução do PIB e aumento no desemprego, o que por sua vez retroalimentará o circulo vicioso através de novos recordes no déficit fiscal;

5) Empregos: graças ao conjunto acima, a esperada redução no desemprego a partir do segundo semestre de 2017 será adiada. Com isto, naturalmente o consumo interno manterá sua tendência de queda;

6) Segmento imobiliário: o conjunto acima tende a acelerar e intensificar a explosão da bolha imobiliária. Além dos esperados efeitos de quedas de preços se acentuando, mais empresas do segmento quebrando, etc., teremos ainda a impossibilidade da CEF continuar maquiando a realidade da inadimplência. Este conjunto irá gerar também um forte desanimo, principalmente naqueles que teimosamente e sem nenhum racional, mantinham a aposta neste setor, além daqueles que subitamente irão descobrir que nunca foram milionários com seus tijolos, sem contar a possível convulsão social em virtude da falência do crédito imobiliário barato e farto através da destruição de qualquer possibilidade de Tesouro, CEF, ou FGTS virem a subsidiar a recuperação deste segmento, combinado com aquele grande contingente de pessoas que verão seus imóveis tomados, ou que nunca receberão seus imóveis que pararam pela metade com a quebra das construtoras, uma vez que todos os agentes estarão muito ocupados lidando com seus próprios problemas e não terão NENHUM fôlego para continuarem pedalando com estas consequências e tentando dar sobrevida a este segmento, sem contar o crescimento no desemprego da construção civil que tenderá a se intensificar também. Este também será um forte reforço para intensificar os resultados negativos da economia;

7) Outros riscos: dependendo de como serão os próximos passos no Brasil, se viermos a ter a aprovação da PEC das eleições diretas que estava entrando em avaliação ontem durante o dia, combinado com o fato de Lula estar liderando as pesquisas, teríamos um sério agravamento quanto aos itens acima. Outros possíveis pontos de agravamento seria se tivéssemos nova visibilidade quanto à explosão da bolha imobiliária chinesa e/ou desdobramentos da crise política nos EUA, que em ambos os casos intensificariam a crise a fuga de capitais e a crise no Brasil. Se tivermos estes eventos combinados com o que consta acima, já estaríamos falando de risco de crise cambial muito grave e risco sistêmico quanto a bancos.