Rescisões contratuais de imóveis chegam a 45% – A Tribuna

É, parece que um dos inúmeros pratinhos que o governo vinha equilibrando caiu. Aliás, ao cair o governo perdeu por completo o equilibrio, vários outros pratinhos se espatifarão na sequência…

Investidores estrangeiros tendem a fugir em larga escala, perdendo suas últimas esperanças em ajustes na economia no curto prazo. Na realidade eles já estavam sendo iludidos com uma combinação de reformas ineficazes com super safra agrícola, dinheiro do FGTS das contas inativas aumento de PRODUÇÃO no setor automobilístico que gerava aumento nos estoques e outros efeitos temporários, mais um volume enorme de informações distorcidas, maquiadas, tudo para mante-los aqui e atrair mais investidores estrangeiros, com estas últimas “novidades”, curiosamente, nenhuma DESINFORMAÇÃO é desmascarada e mesmo assim eles perderão por completo a confiança. Isto significa que quando demais componentes da REALIDADE aparecerem, com todo este reforço que estamos tendo quanto à podridão dos agentes políticos do mais alto escalão em evidência, já encontrará um ambiente de negócios bastante deteriorado.

Votações de reformas ficarão paralisadas, pelo menos por alguns meses, até que se resolva esta situação.

Empresas brasileiras irão adiar seus investimentos por prazo indeterminado, aguardando uma normalização do cenário político e a aprovação das “reformas” que tendem a ser ainda menos eficazes. Aqui nós já tinhamos expectativas de que o impulso para economia, mesmo antes destes escandalos, seria muito tímido, até porque, de acordo com pesquisa divulgada no segundo semestre de 2016, cerca de 50% de todas as empresas de grande porte do país não estavam gerando caixa sequer para pagarem os juros de suas dívidas e muitas outras estavam com endividamento bem acima da média, ou seja, o fôlego de investimentos já era escasso antes, agora até aqueles que tinham algum fôlego e planejavam investir vão desistir.

Os empregos terão a sua prometida recuperação que seria no segundo semestre provavelmente adiada em função dos eventos acima. Desta forma, o consumo interno continuará despencando.

Tendência de pelo conjunto de novas “descobertas” que poderão acontecer no curto e médio prazo, relacionadas a rombos enormes trazidos por golpes aplicados e envolvendo CEF, BNDES, BB, fundos de pensão de empresas públicas, etc, tenhamos um agravamento significativo no contexto econômico negativo mencionado acima.

Com tudo isto o setor imobiliário verá seu castelo de cartas cair, sob um forte vento, uma vez que todas as fontes de crédito barato e farto irão despencar ainda mais (já vinham em forte queda quanto a sua disponibilidade), com outra queda relevante nos compradores potenciais reais, que também já vinham em forte queda e mais uma série de AGRAVANTES (distratos disparando, mais construtoras quebrando, etc). Desta forma, haverá uma forte tendência de queda de preços de imóveis e aluguéis se intensificarem. ÓBVIO que vão usar esta nova crise política para colocar a culpa e dizer que se não fosse isto, eles iriam se recuperar em breve, o que sabemos não ser verdade.

Ainda sobre os acontecimentos de ontem, em complemento ao que coloquei mais acima:

Nos últimos ANOS venho falando que nossa explosão de bolha imobiliária acontece de forma simultânea com a explosão da bolha de consumo e da bolha de corrupção institucional e que esta combinação faz com que os efeitos gerados sejam ainda piores do que os observados nas explosões de bolhas imobiliárias ao redor do mundo, que não contaram com estas situações ocorrendo simultaneamente.

Graças às explosões simultâneas que constam acima, temos um déficit fiscal anormal e recorde que está longe de ser equacionado com uma solução de médio / longo prazo (*), temos um nível de inadimplência e endividamento, tanto de famílias quanto empresas, que também estão fora do normal e distantes de uma solução definitiva (**), temos uma crise política que de tempos em tempos se intensifica, como está acontecendo agora e que ainda tem muito para se desenvolver (***) e temos um altíssimo e anormal nível de rombos financeiros ocorrendo em empresas públicas e fundos de pensão (****) e tudo isto acontecendo junto com os efeitos naturais da bolha imobiliária, associados a um nível anormal de inadimplência do crédito imobiliário, um nível anormal na desproporção entre estoque e vendas, um nível anormal de endividamento de construtoras e desemprego da construção civil, etc, etc, etc, garantem que nossa explosão de bolha imobiliária será muito mais intensa.

(*) A “reforma” da previdência foi tão “amenizada” para atender a interesses específicos, que com o que restou já irá requerer uma nova revisão daqui a 4 anos. No caso dos estados, por exemplo, ainda não existe nenhuma proposta concreta da reforma da previdência que resolva o problema deles. Estados como RJ, RS e MG, que estão em um CAOS FINANCEIRO, até agora só estão conseguindo “soluções” TEMPORÁRIAS, PALIATIVAS, não há nada que garanta o equilíbrio das contas públicas nestes estados no médio / longo prazo. A “reforma” trabalhista e a terceirização que faz parte da mesma e já foi aprovada, não agregam nada, seja quanto ao equilíbrio fiscal, seja quanto à recuperação do crescimento, uma vez que suas medidas são tímidas, ineficientes e não são focadas em destravar os principais obstáculos que existem na nossa legislação trabalhista. O que tivemos foi um grande show de ILUSIONISMO, com enorme volume de “análises” SIMPLISTAS sendo divulgadas na mídia e que não consideraram nada do que consta neste parágrafo, só para gerar um otimismo UTÓPICO. Para piorar, pela natural intersecção entre a explosão da bolha de corrupção institucionalizada, a política e as reformas, veremos estas reformas todas terem suas votações atrasadas e dependendo do cenário, talvez até com algumas delas sendo ainda mais “retalhadas” e perdendo de vez qualquer possibilidade de colaborarem para a recuperação do equilíbrio fiscal ou ainda, até serem canceladas. Neste contexto, aumenta e muito a probabilidade do governo ser obrigado a promover novas reduções de dezenas de bilhões de Reais nos gastos públicos, o que por sua vez terá impacto na redução do PIB e com isto, retroalimentará o desequilíbrio fiscal, a tal ponto que em 2017 poderíamos ter novo recorde de déficit fiscal, principalmente quando combinado com demais efeitos negativos para economia que são esperados em função desta nova etapa da crise política, de acordo com meu comentário anterior a este respeito.

(**) Sobre a inadimplência das famílias, o seu retorno a uma taxa normal, depende e muito da recuperação dos empregos, da renda e de situações de maior equilíbrio relacionadas ao segmento imobiliário, que fizessem com que o peso das prestações de financiamento imobiliário e aluguéis ficassem mais compatíveis com a realidade da renda e não sugando um percentual anormal dos rendimentos e estimulando a inadimplência quanto a outros produtos e serviços. Como os financiamentos imobiliários demoram DÉCADAS, estas consequências não se resolvem “da noite para o dia”. A recuperação das empresas e redução de endividamento dependem da recuperação do consumo, comprometida conforme consta neste parágrafo, ao mesmo tempo que também será muito afetada pelas consequências negativas para economia em função destes eventos recentes.

(***) A crise política ainda está longe de acabar, a não ser que os políticos consigam “calar” a Lava-Jato, como tanto sonham. Existe muito ainda a ser apurado e a vir a público, envolvendo diversos partidos políticos, por enquanto é a cúpula de PMDB e PSDB que estão em evidência, mas na sequência serão apresentados diversos outros depoimentos implicando Lula em eventos ilícitos, assim como a inclusão gradual de cada vez mais nomes de políticos e partidos, de forma que a “intranquilidade”, a excessiva exposição negativa e outros fatores relacionados garantirão a total ineficácia do nosso legislativo quanto a assuntos críticos para nossa economia, no mínimo durante este ano de 2017.

(****) A tendência natural, conforme vão “desenrolando o novelo”, é que aprofundem cada vez mais as investigações quanto a BNDES, CEF, BB, outras empresas públicas, fundos de pensão, etc, etc, etc, tudo isto trará como efeito DIRETO a “descoberta” de um sem número de ROMBOS financeiros e PEDALADAS que estão sendo MAQUIADOS há anos e que quando forem revelados em sua extensão para o grande público, obrigatoriamente terão que ser “sanados” sem novas pedaladas, causando assim nova onda de grandes impactos para a economia. Temos ainda os efeitos INDIRETOS, que talvez nem aguardem os diretos para aparecerem: com todas as revelações, as maracutaias e demais gambiarras são “intimidadas”, ao mesmo tempo que até as ações regulares são desaceleradas pelo medo de gerarem novas suspeitas, com o BNDES atrasando empréstimos ou participações em empresas, a CEF e o BB não tendo a mesma “liberdade” para fazerem seus empréstimos mirabolantes para empresas sabidamente quebradas, ou mesmo para intensificarem suas pedaladas em novas ondas de créditos podres para o público em geral. Os efeitos diretos e indiretos por vir, turbinados pelos acontecimentos de ontem, também serão altamente impactantes para estes agentes e para a economia.