Crise eleva devolução de imóveis comprados na planta em 30% no MS – Correio do Estado

Como ficou muito acima, comento aqui sobre o que Minions trouxe quanto a queda da projeção de crescimento do PIB para 2017:

Pois é, estava na cara desde o primeiro momento que 1,6% de crescimento do PIB em 2017 era um número fictício, só para gerar uma dose extra de “otimismo irracional”.

Por enquanto, baixaram de 1,6% para 1%. Talvez até o final de 2017 fique provado que seguiram o “padrão Mantega” em 100%. Antes Mantega previa crescimento de 4% e vinha 1%, agora Meirelles prometeu para o orçamento 1,6%, se entregar 0,4% em 2016, pronto, já pode dizer que aprendeu com o mestre Margarina! O pior é que quanto mais passa o tempo, mais claro fica a dificuldade de entregar QUALQUER crescimento em 2017!

O mais hipócrita de tudo foi o Temer dizer na reunião do Conselhão que as “tentativas de disfarçar a verdade que geraram a crise”, sendo que no mesmo dia informam esta “pequena” redução no PIB projetado de 2017 (caiu 37,5% só nesta “revisão”). Na verdade o governo Temer está fazendo desde o início o mesmo volume de ações para disfarçar a verdade e novamente ações que geram crise, como detalhei em comentário mais acima.

Agora eles dizem que vão rever o déficit previsto para 2017 só ao final do primeiro trimestre de 2017, mas tudo indica que o déficit de R$ 139 BILHÕES, o segundo maior de toda a história do Brasil (só perderá para o de 2016), dificilmente poderá ser cumprido, primeiro porque ele contava com um crescimento do PIB e das receitas de arrecadação do governo que já sabemos que não acontecerá em virtude desta queda relevante no que estava projetado de crescimento do PIB, segundo porque a crise fiscal nos Estados e Municípios deverá prejudicar e muito este número, até porque o governo não conseguirá ficar “à parte” desta situação, a pressão social e política será muito intensa, irão FORÇAR esta “contribuição”, terceiro porque o número de 1% do crescimento do PIB ainda está “super-faturado”, não duvido nada que fique em 0,4% ao final do ano ou até menos do que isto e ainda de forma “otimista” (a visão pessimista é que possa ter queda por mais 1 ano), em função do que sempre tenho comentado por aqui.

O que nós já dizemos desde o começo do Governo Temer, quando ele ainda dava os primeiros passos, sobre ser um continuísmo do governo Dilma, a imprensa e o “mercado”, pelo jeito só vão ter “consciência plena”, lá pela metade de 2.017. Eles COMEÇARAM a entender isto no finalzinho de setembro/2016, a cada nova situação como esta eles terão um pouco mais de noção, mas até a ficha cair por completo, precisarão de mais tempo, até porque nos grandes meios de comunicação eles tem uma “obrigação” de não se precipitarem, eles morrem de medo de errarem e serem cobrados em público, além disto, eles tem um viés muito forte, de grande parte dos anunciantes que são seus PATROCINADORES e exigem que eles ajudem a plantar um OTIMISMO IRRACIONAL.

Só para lembrar: o otimismo irracional é uma das causas raízes para a crise que temos, em especial quanto a seu tamanho e duração. Até o governo Temer reconheceu isto em seu discurso para o Conselhão ontem, mas apesar disto, infelizmente, o governo Temer continua a pleno vapor com esta mesma tática, talvez esperando que dê um resultado diferente. Como Einsten nos ensinou, é loucura fazer tudo igual esperando um resultado diferente…

Só para lembrar, porque o otimismo irracional gera tanto prejuízos, utilizando exemplos dos últimos anos:

1) Foi este otimismo irracional que levou grande número de famílias a fazerem financiamento imobiliário por décadas para imóveis com preços completamente fora da realidade e prestações que consomem percentual muito mais elevado de sua renda do que gastavam com aluguel ou morando com outras pessoas (familiares, amigos, etc). Em paralelo, até mesmo os preços dos aluguéis subiram muito mais que a renda em virtude de toda esta “euforia” (cresceram pelo menos 50% acima da renda nos últimos 10 anos). Qual a consequência? A dívida das famílias com o crédito imobiliário em PROPORÇÃO à sua renda SEXTUPLICOU de 2005 a 2015, com isto o que sobrou de renda destas famílias ficou ESTRANGULADO, situação similar para aquelas que permaneceram no aluguel, embora o estrangulamento neste caso tenha sido menor. Esta combinação levou a uma queda no endividamento das famílias em proporção à renda para outros assuntos a partir de 2010, de forma constante, fazendo com que o “PIB do consumo” caísse e ao mesmo tempo, que a inadimplência geral do consumidor subisse 2,5 vezes mais rápido de 2010 a 2015 que em períodos anteriores;

2) O que consta no item 1, levou as empresas a reduzirem produção (no caso de indústrias), estoques, pessoas, etc., tudo para se adequar ao consumo que teve quedas significativas. Este ajuste das empresas começou a acontecer em especial a partir de 2015, após anos de queda de consumo em função dos fatores acima e alguns outros que antes inflavam TEMPORARIAMENTE a economia e também explodiram (fim da Copa do Mundo, fim da bolha de corrupção da Petrobrás, fim dos gastos públicos exacerbados, etc).

3) Com esta adequação a novos volumes, no caso de lojas e negócios de menor porte, muitas vezes se tornou inviável manter o ponto, pois o aluguel comercial havia subido a um valor estratosférico, ao mesmo tempo que as vendas caíram de forma relevante. Consequência: grande número de lojas fechando em todo o país, índice de vacância em imóveis comerciais também batendo todos os recordes e com isto, também colaborando para a piora na economia, pois passamos a ter muito mais dinheiro “imobilizado”, que deixou de circular;

4) Os itens de 1 a 3 fizeram com que muitas das empresas sobreviventes ficassem com um altíssimo nível de endividamento, desproporcional aos resultados gerados pelo negócio. Só como exemplo, uma pesquisa recente demonstrou que mais de 50% das empresas de grande porte pesquisadas estavam gerando um caixa que era insuficiente para pagarem OS JUROS DAS DÍVIDAS. Em paralelo, nível recorde de pedidos de Recuperação Judicial e Falências nos últimos anos. Também de forma simultânea, famílias ainda estão em patamar recorde de endividamento e inadimplência também. Correndo por fora, temos um número recorde de desempregados, inativos e sub-empregados, cerca de 20% de toda a população economicamente ativa, o que leva a novas reduções de consumo, retroalimentando este circulo vicioso;

5) O conjunto de fatores acima, fez com que a inadimplência bancária de forma geral também subisse, levando consigo o spread e portanto fazendo com que os juros finais das empresas e pessoas físicas disparasse, batendo todos os recordes. Isto aconteceu mesmo durante períodos em que a SELIC esteve estável, sem variação. Naturalmente isto é mais uma fonte para alimentar o circulo vicioso, pois a capacidade das empresas se refinanciarem ou retomarem os investimentos, também fica muito prejudicada, idem para as famílias quanto a possibilidade de aumentarem seu consumo.

Perante tudo que consta acima, o que o governo Temer faz? Incentiva as famílias a se endividarem mais com o crédito imobiliário para imóveis com preços absurdos e fora da realidade, alimentando toda a destruição constante no item 1, ao mesmo tempo que esta ação estimula as construtoras a não reduzirem seus lançamentos o quanto deviam e com isto, a desproporção entre estoque e vendas não para de crescer, o que gera um potencial de destruição de empregos crescente para o segmento imobiliário, ao mesmo tempo, vendedores ILUDIDOS por estas falsas esperanças relutam em reduzir os preços ANUNCIADOS, PEDIDOS, com isto não vendem e ficamos cada vez mais com imóveis NEM-NEM (nem vende, nem aluga), tirando um grande volume de dinheiro de circulação (número ABSURDO de imóveis residenciais e comerciais SEM USO), levando cada vez mais construtoras a quebrarem, dentre diversos outros estragos e efeitos em cascata desta ação que é tipicamente tentar apagar incêndio com gasolina.

O que o governo promete em seus discursos? Que o equilíbrio fiscal irá resolver todos os problemas acima da noite para o dia!

Oras, só para começar, o próprio equilíbrio fiscal não poderá ocorrer enquanto jogarem gasolina para apagar incêndio! O menor crescimento do PIB e menor arrecadação exigiriam redução das despesas, mas não é isto que o governo “planeja”, ele tem em mente subir as despesas em 2017 tendo como base o recorde de despesas que ocorreu em 2016 reajustado pela inflação! Como se não bastasse, a gravíssima situação fiscal de alguns Estados e Municípios simplesmente foi “esquecida” pelo governo quando calcularam o déficit fiscal de 2017. Não tem como esta conta “fechar”…

Outro ponto é que o equilíbrio fiscal não faz surgir dinheiro barato e farto do nada. Em outras palavras, como o governo apaga incêndio com gasolina, ofertando mais crédito direcionado e subsidiado, aumentando o problema de endividamento e inadimplência das famílias, isto levará a novos aumentos dos juros e inviabilidade de retomada dos investimentos. Adicionalmente, se temos mais de 50% das grandes empresas endividadas a tal ponto que sequer conseguem pagar os JUROS de suas dívidas, como elas vão retomar seus investimentos, com que dinheiro?

Como colocaram em comentário mais acima, não é através de ajustes moderados, que tentam ser indolores, que nossa economia poderá voltar a crescer. A situação é MUITO grave, temos uma combinação de bolha imobiliária com bolha de corrupção, com efeitos de copa do Mundo e Olimpíadas mais uma bolha de gastos públicos exacerbados, esta combinação é altamente explosiva e não serão com medidas “amenas” que isto será resolvido.

Com o governo FAZENDO DE CONTA que é só adotar poucas ações de ajuste fiscal que tudo se resolve e do outro lado ele continua jogando gasolina no incêndio, nada vai se resolver, no máximo vamos andar de lado com crescimento ZERO ou próximo disto, ou quem sabe, até queda do PIB, sendo que no mínimo do mínimo precisaríamos de crescimento da economia superior a 2% para INICIARMOS uma retomada. O otimismo irracional, ilusionismo e outras práticas mantidas neste governo, só atrasam o momento em que poderemos iniciar nossa recuperação, ao mesmo tempo que vai aumentando o tamanho do problema e do esforço que será necessário depois para resolvê-lo. Imprensa e “especialistas” não ajudam em nada, ao contrário, só colocam mais gasolina no incêndio ao incentivarem este otimismo irracional ao invés de alertarem sobre as graves anomalias que estão piorando. O governo está “empurrando com a barriga” para ver se chegam ao final de 2018 sem que os efeitos mais terríveis desta estratégia suicida apareçam, mas mesmo esta tentativa é bem difícil de acontecer. A imprensa se mantém submissa a seus patrocinadores, que não querem que a verdade apareça para não anteciparem a realidade inevitável.

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