Na crise, preço de aluguéis novos fica quase 12% mais barato, aponta Fipe – Jornal Nacional

Segunda cota: PEC 241 e a ajuda para o governo atingir a meta fiscal com um déficit de “apenas” R$ 139 BILHÕES em 2017, que seria o segundo pior de todos os tempos, só perdendo para o ano de 2016

Vamos por partes:

Educação e saúde só irão aderir a regras da PEC em 2018… Quem já viu orçamento de órgão público ou mesmo de empresa, sabe o que vai acontecer: vão inchar estas duas contas em 2017, para terem uma base maior pasta crescer “só” pela inflação em 2018 e ainda assim ter um montante relevante e à prova de críticas. Isto é muito provável, porque estes tem sido os assuntos polêmicos, 2018 é ano de eleições para presidente, o governo Temer cede demais a pressões que tem visibilidade na imprensa, etc, etc, etc

E o restante das contas?

Por acaso alguém se lembra que o governo Temer fez um grande aumento na previsão do deficit para 2016, assim que ele assumiu interinamente? Alguma semelhança com o que consta acima sobre saúde e educação? Eles aumentam muito o tamanho das despesas e do problema, acomodam uns benefícios para atender a apelos que tem mais visibilidade na mídia e só DEPOIS disto é que “congelam” os gastos e ainda assim, de forma indexada à inflação, como naqueles planos econômicos anteriores ao real que mantinham gatilhos e por isto nunca davam certo…

Superávit ou déficit tem relação com receitas e despesas, certo? Por que então quase ninguém tem falado sobre as receitas previstas? Vamos a elas:

http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/08/governo-devera-fechar-orcamento-de-2017-sem-prever-aumento-de-tributos.html

“Em junho, o governo informou que, para cumprir a meta fiscal de 2017, terá que fazer um “esforço arrecadatório” de R$ 55,4 bilhões. Para chegar a esse resultado, o governo informou que pretende vender ativos, como empresas públicas, e obter receitas com concessões.”

“O governo já informou, na semana passada, que subiu de 1,2% para 1,6% a sua estimativa para o crescimento oficial do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 – valor que constará na proposta de orçamento federal para o ano que vem.”

Olhando os dos parágrafos acima, alguém vê alguma diferença em relação ao que o governo Dilma já fazia com relação ao orçamento de receitas?

Fizeram uma previsão de receitas NÃO RECORRENTES referentes a vendas de empresas públicas e concessões, na ordem de mais de R$ 50 BILHÕES. Legal, agora de forma otimista, vamos supor que consigam estes R$ 50 BILHÕES em 2017, de onde sairão estes R$ 50 BILHÕES em 2018 e nos demais anos? Vão vender mais ativos e fazerem mais concessões? Isto é algo sustentavel neste montante e ainda crescendo com a inflação pasta acompanhar o crescimento das despesas ao longo de vários anos seguidos?

E o crescimento de 1,6% do PIB em 2017, que fora o governo e sua projeção oficial, ninguém mais acredita nele?

Pois é, o pessoal acha que fazer ajuste fiscal é algo simples, rápido e indolor, embora não tenha sido assim em NENHUM lugar do mundo.

O próprio Mansueto fala que o ajuste fiscal vai demorar 9 ANOS.

Ações concretas para reduzir mais os gastos no curto prazo? Talvez em 2017, ainda sujeito a serem medidas retalhadas e insuficientes, por serem muito polêmicas.

Mesmo que o governo consiga, novamente de forma muito otimista, reduzir sensivelmente as despesas, é importante lembrar que estas despesas do governo ajudam a movimentar a economia, elas são parte do PIB, ou seja, elas vão no caminho contrário da “meta” já mirabolante de crescimento de 1,6% do PIB em 2017.

Bom, temos ainda as outras “expectativas” do governo de que a redução dos juros, a vinda de grande volume de dinheiro do Exterior comprando Ativos e fazendo investimentos de longo prazo, o aumento de investimentos internos e do consumo, tudo gerado pelo otimismo quanto ao maravilhoso cenário acima, em especial da PEC 241, irão fazer com que de forma INSTANTÂNEA a redução de despesas do governo seja coberta e até ultrapassada por estas novas fontes de crescimento do PIB, embora isto também não tenha acontecido desta forma e nem com esta velocidade em NENHUM país do mundo que passou por uma crise fiscal do porte das nossa, mas este já é um assunto para outras cotas de REALIDADE, afinal as doses foram prometidas como “homeopaticas”…

Terceira cota: o crescimento da economia para 2017

Supondo que o mais provável irá acontecer e que tenhamos uma queda na SELIC de 0,50% na próxima reunião do COPOM, este seria um grande incentivo para o início de uma recuperação mais consistente da economia?

A aposta acima considera que com uma menor taxa de juros, as empresas terão mais estímulos para investir no seu negócio e os consumidores para gastarem dinheiro com consumo, sendo que esta combinação alavancaria o crescimento do PIB.

Vamos por partes:

Se a SELIC está em 14,5% com uma inflação a 10%, quando a SELIC cai para 14% e a inflação já caiu para 7,5% ficou pior deixar o dinheiro em aplicações financeiras? Na prática, o que conta na decisão de onde investir é o ganho líquido real (retorno descontado o imposto e a inflação) e no exemplo acima, como o ganho real das aplicação cresceu 2% na variação de 2015 para 2016, vale ainda mais a pena não retirar o dinheiro de aplicações financeiras para se arriscar em investimentos no próprio negócio que tem um ganho real ainda menor com um risco maior.

Aqui alguém poderia dizer: “como assim o negócio tem um ganho ainda pior, se estou diminuindo a taxa de juros para capturar dinheiro no mercado, então posso diminuir no preço final, vender maior volume e ganhar mais no agregado, o retorno será maior!”

Quais os problemas da lógica acima?

O primeiro problema diz respeito ao spread e o custo final dos empréstimos para pessoas físicas e jurídicas em virtude deste spread. Explicando melhor:

https://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2016/06/inadimplencia-e-juro-bancario-sobem-em-maio-e-batem-novo-recorde

Trechos do link acima:

“O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.”

“A taxa média de juros cobrada pelos bancos e a inadimplência das suas operações com recursos livres (excluindo crédito imobiliário, rural e do BNDESx) voltaram a subir em maio, batendo novo recorde da série histórica do Banco Central, que começa em março de 2011.”

Outra referência importante:

http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br/2016/09/grandes-empresas-superendividadas.html?m=1

“Em 2010, 22,6% das empresas avaliadas estavam com fluxo de caixa menor do que as despesas financeiras. Em 2015 esse número mais do que dobrou e praticamente metade (49%) das companhias da amostragem chegou a essa situação, sendo que no dado agregado, a geração de caixa era suficiente para cobrir apenas 58% dos gastos com o endividamento.”

“Para as empresas de capital aberto, o quadro no primeiro semestre de 2016 piorou. A proporção de empresas em que a geração de caixa era insuficiente para pagar dívidas aumentou de 50,2% em 2015 para 54,9% nos doze meses encerrados em junho deste ano. Rocca acredita que, no caso das companhias fechadas, que não divulgam balanços trimestrais. As condições também não se reverteram.”

O último trecho que vou destacar do link acima, o mais importante de todos:

“Diante desses dados, uma coisa é certa: não virá desse universo de grandes empresas privadas o primeiro impulso para a tão necessária expansão dos investimentos. Ao contrário, com baixo retorno, elevado nível de endividamento e ampla capacidade ociosa, não se pode esperar nem novos investimentos nem geração de empregos por esse conjunto de companhias no curto prazo.”

A reversão deste círculo vicioso, onde o desemprego estimula a inadimplência das pessoas físicas que leva a queda do consumo, aumento no endividamento e mega inadimplência das empresas e com isto, voltando a aumentar o desemprego, passa longe de uma ação isolada de redução de juros, que tem muito pouca influência na situação acima no curto prazo.

Existem diversos outros fatores que impedem a recuperação rápida só via redução da SELIC, entre os principais temos os efeitos das bolhas imobiliária e de corrupção, que serão tema de uma das próximas cotas de realidade…