Desvalorização imobiliária provoca corrida pela desistência do imóvel – ABC do ABC

Margarida,

Na verdade já é muito tarde para a venda direta com redução de preços recuperar as vendas.

O que acontece em toda a bolha imobiliária neste estágio da explosão em que estamos, é que mesmo com reduções relevantes nos preços, ainda assim as vendas não param de cair e a desproporção entre estoque e vendas não para de crescer.

Basta você observar em São Paulo, onde apesar das quedas de preços de usados estarem acumuladas em 29% de 2014 mais 2015, as vendas caíram nestes 2 anos e a oferta subiu, ou seja, desproporção crescente entre estoque e vendas mesmo com quedas relevantes nos preços.

Chega uma hora que os preços subiram de forma tão absurda, fora de qualquer parâmetro racional, que mesmo com reduções relevantes você não encontrará compradores, principalmente no caso de usados e neste momento, onde o crédito imobiliário já é mais caro e escasso, levando a obrigatoriedade de comprador ter 50% de entrada e quase nenhum comprador está habilitado a pagar 50% sobre estes preços pornográficos, sendo que aqueles que estiverem habilitados normalmente são pessoas mais informadas e já sabem que o preço tende a cair e não vão comprar.

Alguns fatos que MUITOS insistem em ignorar, inclusive aqui neste site:

1) Nossa renda per capta é MUITO baixa e pessimamente distribuída, bem pior que em outros países que tiveram bolha imobiliária. Comentei mais acima como a situação por aqui é SURREAL: salário médio pouco acima de R$ 2 mil, que está tendo queda em termos reais, onde mais de 90% das famílias tem renda familiar INFERIOR a 20 salários mínimos e não podem comprar imóveis a partir de R$ 500 mil, nem com financiamento em 30 anos e com crédito barato e farto, apesar disto o segmento imobiliário diz que imóveis com preços entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhão seriam de “padrão médio” (“padrão médio” viável para menos de 10% da população??? = ridículo!!!);

2) Como se não bastasse a bolha imobiliária, temos um Governo extremamente incompetente, como nunca houve em nenhuma explosão de bolha imobiliária ao redor do Mundo, um governo sem credibilidade nenhuma para nada;

3) Temos um dos maiores juros do Mundo o que faz com que o endividamento do governo seja muito mais assustador;

4) Temos uma crise política que só parece piorar a cada dia, o que é uma combinação explosiva quando combinada com itens anteriores;

5) Tivemos o recorde MUNDIAL no crescimento percentual dos preços dos imóveis;

6) Tivemos uma bolha de corrupção em segmento que representava 11% de todos os investimentos do país, sendo que paralisou por completo este setor (Petrobrás / segmento petrolífero);

7) Temos bolha imobiliária com duas versões de subprime que se complementam, aumentando a intensidade da explosão, a primeira versão é baseada nas construtoras, a segunda nos bancos

8) O cenário externo é o mais desfavorável possível: medo quanto a efeitos colaterais de QE´s os inibem, bolhas monstruosas da China cada vez mais mandando lembranças quanto a sua existência, indefinições sobre aumento de juros do FED e seus efeitos, visibilidade clara por todo o Mundo quanto à fragilidade do Brasil, o que está sendo ratificado pelas agências internacionais de avaliação de risco, etc.

Juntando o que consta acima e muito mais que nem mencionei, temos MUITOS fatores que GARANTEM que a explosão mais visível de nossa bolha imobiliária será muito mais impactante que outras vistas ao redor do Mundo, pois os pontos que coloquei acima são parte de nossa “jabuticaba”, os itens exclusivos que garantem a intensificação da explosão da bolha.

Quando a verdade se espalhar mais, e este é o GRANDE temor do segmento imobiliário que consta no artigo colocado por Cajuzinha mais acima, a situação que coloquei sobre o efeito manada irá piorar MUITO mais…

Para quem ainda não entendeu, não estamos sequer no auge da crise econômica. Aliás, normalmente é quando a explosão da bolha imobiliária e a redução dos preços estão mais visíveis que normalmente a crise na economia se intensifica e é depois disto que se atinge o auge da crise, portanto, para aqueles que estão torcendo e/ou trabalhando para que seja adiada esta maior visibilidade da explosão da bolha imobiliária e maiores quedas de preços, fica a dica: estão só trabalhando para aumentar o tamanho da crise e seus efeitos destrutivos!

Reitero projeções feitas à pedido de Louro José: acredito que temos 10% de chance de que a explosão da bolha imobiliária se torne mais visível e com percentuais de quedas mais elevados no 1S16, 60% de chance de que isto ocorra entre o 2S16 e o 1S17 e 30% de chance de ocorrer após isto. Lembrando que estou falando apenas sobre a maior redução percentual em preços e sua maior visibilidade, mas não que será o momento em que os preços atingirão o seu vale, o que deve demorar mais alguns anos após isto, como aliás ocorreu desta forma em todas as explosões de outras bolhas imobiliárias ao redor do Mundo.

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